Quando um paciente recebe o diagnóstico de um tumor renal, a primeira dúvida costuma ser: “Vou precisar operar?”
A resposta é não necessariamente. Nem todo tumor no rim precisa de cirurgia, e essa decisão depende de uma série de fatores que avaliamos cuidadosamente caso a caso.
O que realmente importa na hora de decidir o tratamento?
A conduta depende principalmente de três pontos:
1. Tamanho do tumor
Tumores pequenos (geralmente menores que 2–3 cm) podem apresentar comportamento indolente. Em muitos desses casos, a melhor estratégia é apenas acompanhar com exames periódicos — algo que chamamos de vigilância ativa.
Isso evita uma cirurgia desnecessária e mantém o paciente seguro.
2. Localização da lesão
Tumores mais centrais, próximos de vasos importantes ou da via urinária, tendem a exigir cirurgia. Já lesões periféricas, menores e de baixo risco podem ser observadas com mais tranquilidade.
3. Características no exame de imagem
A tomografia e a ressonância nos ajudam a identificar se o tumor tem sinais de agressividade. Lesões císticas complexas ou com realce diferente podem indicar maior chance de malignidade.
Quando a cirurgia é indicada
Quando o tumor tem características suspeitas, é maior do que 3–4 cm ou apresenta crescimento ao longo do acompanhamento, a cirurgia passa a ser o tratamento recomendado.
Nesses casos, buscamos sempre preservar o máximo de tecido renal. Por isso, a técnica de escolha geralmente é a:
Nefrectomia parcial
Removemos apenas o tumor, preservando o restante do rim saudável. Essa abordagem reduz o risco de insuficiência renal no futuro e é considerada padrão-ouro para tumores pequenos.
Cirurgia robótica e laparoscópica: maior precisão e preservação renal
Quando a cirurgia é necessária, as técnicas mínimamente invasivas — robótica ou laparoscópica — trazem vantagens importantes:
- Incisões menores e menos dor
- Menor sangramento
- Alta hospitalar precoce
- Recuperação mais rápida
- Melhor visualização das estruturas
- Maior chance de preservar o rim
A cirurgia robótica, em especial, oferece visão tridimensional e instrumentos muito precisos, o que permite dissecar o tumor com segurança e suturar o rim de forma mais delicada.
O que você precisa lembrar
Nem todo tumor renal precisa ser operado.
A decisão depende do comportamento da lesão e das características do paciente. Em tumores pequenos e de baixo risco, o acompanhamento pode ser a melhor escolha.
Quando a cirurgia é necessária, as técnicas minimamente invasivas permitem remover o tumor com segurança, frequentemente preservando o rim e garantindo melhor qualidade de vida no longo prazo.
Referências
- Campbell SC, et al. Guideline for Management of the Clinical T1 Renal Mass. J Urol. 2021;206(4):809–817.
- Ljungberg B, et al. EAU Guidelines on Renal Cell Carcinoma. Eur Urol. 2022;82(4):399–410.
- Pierorazio PM, et al. Active Surveillance for Small Renal Masses: Systematic Review and Meta-analysis. J Clin Oncol. 2021;39(13):1468–1480.
- Patel HD, et al. Robotic vs. Laparoscopic Partial Nephrectomy: Meta-analysis of Perioperative and Functional Outcomes. Eur Urol. 2020;78(4):443–457.
- Finelli A, et al. Management of Small Renal Masses: AUA Guideline. J Urol. 2023.