Quando falamos em câncer de próstata, rim, bexiga ou testículo, muitos pacientes se perguntam se a cirurgia será necessária.
A resposta é que, em grande parte dos casos, ela continua sendo uma etapa central do tratamento. E o motivo é simples: a remoção completa do tumor é uma das maneiras mais eficazes de controlar a doença e aumentar as chances de cura.
Mas o tratamento cirúrgico moderno vai muito além de retirar o tumor. Hoje, o nosso foco é duplo:
eliminar a doença com segurança e preservar ao máximo a qualidade de vida do paciente.
Por que a cirurgia é tão importante no câncer urológico?
Cada tumor tem um comportamento diferente:
Câncer de próstata
A cirurgia é indicada especialmente em casos localizados ou localmente avançados. A prostatectomia — hoje muitas vezes realizada por via robótica — permite remover a próstata preservando nervos e estruturas essenciais para continência urinária e função sexual.
Câncer de rim
Sempre que possível, optamos pela nefrectomia parcial, em que apenas o tumor é retirado. Isso preserva o rim saudável e reduz o risco de insuficiência renal no futuro.
Câncer de bexiga
Nos casos mais avançados, a cistectomia radical (remoção da bexiga) é o tratamento padrão. Reconstruções urinárias modernas permitem oferecer qualidade de vida mesmo após cirurgias extensas.
Câncer de testículo
A orquiectomia (retirada do testículo afetado) é o tratamento inicial padrão. Em muitos casos, essa cirurgia por si só já é suficiente para curar a doença.
A evolução da cirurgia urológica: menos invasiva, mais precisa
Nas últimas décadas, a cirurgia urológica avançou de maneira significativa. A chegada de técnicas minimamente invasivas, como a laparoscopia e, mais recentemente, a cirurgia robótica, mudou completamente a forma como tratamos os tumores urológicos.
Principais benefícios dessas técnicas:
- Incisões menores, com menos dor e menor risco de infecção
- Menor sangramento intraoperatório
- Alta hospitalar mais rápida
- Recuperação acelerada
- Ótimos resultados estéticos
- Precisão superior, especialmente na preservação de vasos, nervos e estruturas delicadas
Na cirurgia robótica, a visão 3D em alta definição e os instrumentos com articulação fina permitem movimentos muito mais delicados. Isso é particularmente importante em cirurgias como a prostatectomia e a nefrectomia parcial, onde cada milímetro conta para preservar funções essenciais.
O que você precisa lembrar
A cirurgia continua sendo uma ferramenta poderosa no tratamento dos principais cânceres urológicos.
Com as tecnologias atuais, conseguimos não apenas remover o tumor com segurança, mas também oferecer uma recuperação mais rápida e preservar funções importantes para o dia a dia do paciente, como continência urinária, função sexual e capacidade renal.
O tratamento é sempre individualizado, e decidir pela cirurgia depende do tipo de tumor, da extensão da doença e das condições clínicas de cada paciente.
O mais importante é: diagnóstico precoce e acompanhamento com o urologista aumentam muito as chances de cura.
Referências
- Mottet N, et al. EAU Guidelines on Prostate Cancer. Eur Urol. 2023;84(3):223–251.
- Campbell SC, et al. Management of the Clinical T1 Renal Mass. J Urol. 2021;206(4):809–817.
- Witjes JA, et al. EAU Guidelines on Muscle-Invasive and Metastatic Bladder Cancer. Eur Urol. 2022;82(1):54–87.
- Gilligan T, et al. Testicular Cancer, NCCN Clinical Practice Guidelines in Oncology. JNCCN. 2023.
- Autorino R, et al. Robot-Assisted and Laparoscopic Surgery in Urology: Systematic Review and Meta-analysis. Eur Urol. 2018;74(5):715–730.